quarta-feira, dezembro 10, 2014

RESENHA DE N° 4: O Começo de Tudo, Robyn Schneider

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O Começo de Tudo é um livro poético, inteligente e de cortar o coração sobre a dificuldade de ser o que as pessoas esperam, e sobre começos que podem nascer de finais trágicos.
Publicado pela editora Novo Conceito;
288 páginas;
Avaliação:

Contém palavras conhecidas como "palavrões", já que cita frases do livro.

Conta a história de Ezra Faulkner, um menino que era o melhor jogador de tênis, era quem todos queriam ser, namorava uma menina que todos queriam namorar, tinha os amigos que todos queriam ter. Até que ele sofre um acidente.  Nesse acidente, o joelho dele é atingido e por isso ele só consegue andar com a ajuda de uma bengala.
Os “amigos” dele não foram visitá-lo no hospital, e nem em sua casa. E é isso que o faz ficar uma daquelas pessoas que não tem vontade de viver e etc. Não que ele seja um depressivo que pensa em morrer, mas ele é um daqueles que pensam: Agora que eu não sou popular, não sei o que faço da vida. E se afasta dos antigos “amigos” dele porque obviamente eles não pareciam tão amigos assim.
No primeiro dia de aula, ele volta a falar com um amigo que não falava a muito tempo, um amigo que ele diz ter se afastado dele, depois de uma tragédia. Toby, o nome desse amigo. Toby é o personagem que eu mais gostei no livro todo. Acontece uma tragédia com ele e mesmo as pessoas sendo babacas o suficiente para fazer brincadeira com isso, ele não está morrendo, diferente de Ezra.
Como o menino principal está com o joelho acabado, não tem como jogar tênis, e como ele é uma pessoa obcecada por isso, no livro todo ele fala disso. De como sente saudades, do que fazia e etc. Mas antes ele cita que só joga tênis tão bem porque os pais dele o obrigaram a aprender (e sabemos que “obrigar” é contra vontade. Deduzindo então, que ele não gostava)(vocês estavam sentindo falta dos parênteses que eu sei).
Então, Toby convida Ezra para ser do grupo de debate, e é assim que ele encontra um novo grupo de amigos. Nesse grupo ele conhece Cassidy. Uma menina a qual ele se apaixona (e que era uma pessoa bem legal até o final).
Um fator que me incomodou muito (extremamente) foi todo mundo que faz uma idiotice ser chamado de “filho da puta”. Para Ezra e seus amigos putas ensinam aos seus filhos e filhas a bater nos carros e não socorrer as vítimas, a insultar pessoas com deficiências e a pichar brinquedos de crianças. Eu digo isso (caso não tenha percebido) ironicamente, porque quando essas coisas acontecem o primeiro “insulto” que lhes vêm a cabeça é: “Você é um filho da puta.” Ok, então se minha mãe fosse uma puta, todas as idiotices que eu fizesse seria culpa dela, apesar de quem ter feito fui eu e não ela. É por isso que diferente do que Sarah Mlynowski fala na contra capa do livro, eu não fiquei loucamente, profundamente, desesperadamente apaixonada por Ezra Faulkner, porque eu não me apaixono por pessoas machistas.
Sem contar que quando Ezra pensa na possibilidade de Toby ser gay ele pensa exatamente assim: “Era estranho para mim pensar que Toby podia ser gay. Não deixa de ter sentido, mas não me incomodava em nada.” (pg. 167). Não é estranho se sentir bem porque alguém é gay, é estranho você se incomodar com isso, porque a vida é dele e ele é gay porque ele é e acabou. Porque você se incomodaria com ele ser gay mas não se incomoda com sua amiga ser hétero? Podem pensar ser coisas diferentes mas não é. E o que me incomoda mais nesses dois pontos, é estar escrito num livro, um objeto que ensina, maneiras preconceituosas de lidar com uma situação.
Mas enfim, no final nos é revelado algo (o que eu já sabia e pensei que não era segredo), que não explica muita coisa. Que não explica nada. A consequência dessa revelação não tem sentido. E o livro acaba com uma situação sem sentido (tão sem sentido que quando eu acabei o livro fiquei: hã?). Desculpem-me se não estou sendo clara, caso eu fosse, estaria dando spoiler. Mas, se vocês leram, podem deixar nos comentários que nós conversamos sobre o livro! Eu aceito discordâncias, e aceito perguntas também.
Caso você goste de um livro onde tem todo aquele cenário de pessoas populares na escola e tentar descobrir quem você realmente é, você vai gostar desse livro. Porém, eu sinto como se não fosse o melhor livro sobre isso (eu sinto que nem é perto disso). É com certeza um livro para passar o tempo. É leve, e não tem complicação nenhuma. É fácil de entender e gostar, mas não é de se amar.

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